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“Ser prefeito de São Paulo é um projeto de vida”, diz José Aníbal

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“Ser prefeito de São Paulo é um projeto de vida”, diz José Aníbal

Confira a entrevista do deputado e pré-candidato tucano José Aníbal à Folha da Vila Prudente

Atual secretário de Energia do Estado de São Paulo, José Aníbal, 64 anos, afirma que seu grande projeto é administrar a maior cidade do Brasil. Para isso, antes das eleições de outubro, terá ainda que passar pelas prévias do PSDB, onde disputa a vaga de candidato a prefeito com outros nomes de peso do partido: os também secretários estaduais de Cultura e de Meio Ambiente, Andrea Matarazzo e Bruno Covas, respectivamente, e o deputado federal Ricardo Trípoli.

Mesmo assim, defende o processo que apontará o candidato tucano. “A militância se animou e tem promovido reuniões diárias. Além disso, esses encontros têm resultado num rico material para o programa de governo, pois estão apontando o que é realmente importante para cada região”, comenta. Aníbal ressaltou ainda que essa reação e envolvimento dos militantes é uma garantia de que o processo de prévias será tocado até o final. “Não tem como chegar e falar: ‘para tudo, já tem o candidato’. Seria uma opção muito desastrosa para o partido”, argumenta.

Economista, Aníbal já foi presidente do PSDB, teve cinco mandatos como deputado federal e foi secretário de Ciência e Tecnologia. “Conheço São Paulo muito bem e estou preparado para este desafio”, afirma. Questionado sobre o PT, que já se fechou em torno do ministro da Educação, Fernando Haddad, para concorrer à Prefeitura, dispara: “Ele não conhece a cidade. Além disso, o PT não tem propostas para melhorar São Paulo, o que será feito para ter mais vagas em creches, resolver as enchentes… A meta deles é tirar o PSDB de São Paulo”.

A principal bandeira de Aníbal é descentralizar a administração municipal, criando as prefeituras distritais, e não poupa críticas à gestão de Gilberto Kassab por conta da falta de dinamismo e poder dos subprefeitos. “A cidade de São Paulo está com uma crise de representação gravíssima. Os subprefeitos precisam ter mais autonomia para conseguir recursos para suas regiões”. A falta de vagas em creches é outro problema grave para Aníbal. “Uma cidade tem que se envergonhar, principalmente o poder público, de não conseguir cuidar das suas crianças”. Acompanhe alguns trechos da entrevista:

Folha – Qual a proposta do senhor para agilizar a oferta de vagas em creches?

José Anibal – Chamar a iniciativa privada para participar. Temos empresas enormes em São Paulo, que empregam centenas de funcionários, e quantas vagas de creches elas oferecem? Nenhuma. Isso tem que mudar e seria uma forma de ajudar a Prefeitura a diminuir esse déficit. Hoje são 170 mil crianças sem creche e além do problema para os pais, que precisam trabalhar, causa enorme diferença de rendimento na vida escolar. Uma criança que frequentou a creche já chega ao ensino fundamental conhecendo as letras, os números, muitas já sabem ler e fazer as primeiras operações matemáticas. Aquela que ficou em casa não aprendeu nada. Para uma cidade mundial, que hoje acolhe os principais eventos, é obrigação superar este problema.

Folha – As subprefeituras perderam poder. Em entrevistas, o senhor tem criticado que a gestão Kassab é muito centralizada. Qual a sua idéia para administrar a cidade?

José Anibal – Com a centralização exagerada do poder, o governante não consegue absorver o talento das comunidades, nem dá conta dos desafios das diferentes regiões. Além disso, o governo tem que estar mais a disposição das comunidades, hoje está muito fechado. (Na sequência o entrevistado pergunta sobre a população da Vila Prudente). Vila Prudente tem mais de 700 mil habitantes, seria a 7ª maior cidade do Estado, por exemplo. Um prefeito do interior tem o poder de viajar para buscar mais recursos para desenvolver sua cidade.

Se eu for prefeito, faço 31 prefeituras distritais para dar mais autonomia aos responsáveis por elas. Não existe mais como a cidade ser desassociada da metrópole ou do Estado. Outro dia estava com o Jurandir Fernandes (secretário estadual dos Transportes Metropolitanos) e brinquei que se eleito, coloco meu secretário de Transportes numa sala do lado dele. Também defendo que o presidente da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) tenha status de secretário, hoje ele é responsável por um dos principais desafios da cidade que é a circulação.

Folha – Quais as diferenças entre as prefeituras distritais e as subprefeituras ?

José Anibal – As prefeituras distritais terão poderes suficientes para atrair investimento, apostar em ensino técnico e com o tempo, serem verdadeiras incubadoras de empresas. Além, é claro, de dar atenção ao dia a dia das comunidades, coisa que também não tem ocorrido. O prefeito distrital cuidará não apenas da poda de árvore, de tapar buraco, varrição. Ele tem que fazer muito mais. A minha proposta é que a prefeitura distrital seja uma instância resolutiva. Também defendo que o prefeito distrital seja da região que vai administrar, assim como o prefeito tem que ter domicílio na cidade que pretende governar.

Folha – O que o senhor conhece desta região?

José Aníbal – Vejo este miolo da Vila Prudente, Mooca e Ipiranga como algumas das áreas mais promissoras de São Paulo, com a vantagem de serem pontos com características históricas. O Ipiranga, por exemplo, é o berço da Independência do Brasil. Mas, é preciso planejamento, senão pode virar uma bagunça.

Folha – A região integra uma das operações urbanas propostas pela Prefeitura. Mas, há quem critique que isso é uma forma de adiar a revisão do Plano Diretor que está parada. O que o senhor pensa a respeito?

José Aníbal – A operação urbana é uma alternativa mais imediata e pode trazer aspectos positivos para um determinado ponto, mas, não substitui o Plano Diretor, só este tem o poder de nortear o desenvolvimento para os próximos anos, não apenas no aspecto da habitação, mas também para geração de emprego, lazer. O importante é que a comunidade seja sempre ouvida.