Carestia é uma palavra que está muito presente no Brasil de hoje. Nas feiras, nos supermercados e em qualquer comércio. Tudo subindo e a renda e salários estáveis ou caindo, é claro que com o mesmo dinheiro vamos comprar menos. Se aplicarmos isso a mais da metade da população brasileira, que tem salário médio de R$2.500 mês, quando tem, o resultado é uma crescente diminuição do consumo. E diretamente do consumo de comida: feijão, café, açúcar, carnes, óleo, arroz, massas, leite, remédios, roupa, etc. Além disso temos os preços de produtos e serviços que crescem sem parar: conta de luz, botijão de gás, tarifas de transportes coletivos, combustíveis, etc.
Esta realidade atormenta a vida de praticamente todos os brasileiros. Dos que tem pouca ou quase nenhuma renda, atormenta mais. É um dia a dia de incertezas, medo, impotência, desespero e revolta. É um cotidiano trágico, desumano.
É uma pandemia que se reproduz há muito tempo e foi agravada pela pandemia da COVID. De certa forma, os responsáveis por tudo isso são os que têm a seu alcance a condição de fazer diferente: políticos em geral, responsáveis pela gestão pública, empresários, formadores de opinião e outros. No topo desta pirâmide está o Presidente da República.
Depois de três anos e três meses, como é o cotidiano de Bolsonaro? Qual é sua agenda? Ele está focado, já não diria na vida, mas na sobrevivência dos brasileiros?
“Em cem anos saberá”, disse Bolsonaro ao internauta que lhe perguntou porque todos assuntos espinhosos/polêmicos do seu mandato ele determina sigilo de 100 anos. Existe algo para esconder?
Perguntado sobre o filho mais novo, que está sendo investigado pelo Ministério Público Federal, Bolsonaro disse: “O moleque tem 24 anos, acho que ninguém conhece ele, vive com a mãe, há muito tempo está longe de mim, mas recebo ele de vez em quando aqui”.
No momento Bolsonaro, assustado, tenta evitar a CPI da corrupção generalizada no Ministério da Educação. Gabinete paralelo com pastores que pediam propina, inclusive barras de ouro, superfaturamento de ônibus escolar, kit-robótica. Crimes gravíssimos contra a educação, tratada com a ignorância que o caracteriza.
Esta é agenda de Bolsonaro, o seu cotidiano. A inflação/carestia da comida, de mais de 21% nos últimos 12 meses, não está na sua agenda. Passa o tempo ridicularizando quem o questiona, tirando o corpo fora da corrupção generalizada no seu governo, desprezando a educação e a ciência, aumentado o toma lá da cá com o parlamento para não ter impeachment.
No lugar de um estadista, temos um personagem que é unha e carne com milicianos, ativo para favorecer amigos, odeia a democracia e suas instituições, consegue enganar uma parte da população e quer ser candidato a reeleição. O Brasil não merece isso.
José Aníbal, é economista, senador suplente e ex-presidente Nacional do PSDB