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O que eles temem

Artigo publicado no Blog do Noblat, na versão on-line do jornal O Globo, em 09/04/2014

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A quase histeria com que líderes do PT reagiram à possibilidade de que a condução da Petrobras nos últimos anos seja investigada tem motivo. A Petrobras é uma empresa pela qual os brasileiros nutrem afeto, tal a nossa identificação com ela. A estatal é o símbolo do Brasil grande, soberano e dono do próprio caminho.

Exceto pela prisão de um ex-diretor pela Polícia Federal, detido numa operação alheia ao episódio que revelou as lambanças de Pasadena, é a competência gerencial dos governos petistas que está sendo questionada, e não (ainda) sua honestidade. Por enquanto, a única coisa que eles têm a temer é a verdade. E ela vai aparecer.

Depois que Dilma desmentiu a versão construída pela antiga diretoria da Petrobras, a todo momento surgem novos exemplos do desleixo dessa gente com o dinheiro do contribuinte. Do alto a baixo, as desculpas de que “não sabia” vão sendo derrubadas pelos documentos, registros e atas — dos quais todos tinham ciência.

A resposta do líder do PT na Câmara, como que a ameaçar de investigação os partidos que vão disputar a presidência da República contra Dilma, é um episódio que exige reflexão. Nunca a impudência foi tão audaciosa. Encantoado pelos fatos, o governo falha em tudo. Inclusive nas descomposturas.

A tropa de choque do Planalto tenta intimidar e dobrar aqueles que, honradamente, querem entender o que foi feito na estatal para que a empresa andasse para trás com tanta intensidade. A Petrobras encolheu, se endividou, perdeu musculatura. Seus projetos, sempre atrasados, viraram um sumidouro de dinheiro público.

Como e por que isso aconteceu é uma explicação que interessa a quase todos os brasileiros. Todos estão esperando dos responsáveis uma desculpa menos esfarrapada do que as que foram apresentadas até aqui. O deboche dos executivos belgas, depois da venda da refinaria de Pasadena à Petrobras, fala por si.

PS: Na próxima semana reassumo meu mandato na Câmara dos Deputados, pelo PSDB, depois de um árduo e vitorioso trabalho de reordenamento do setor energético de São Paulo. Deixo registrado minha gratidão a todos os servidores que participaram deste grande desafio. A hora de voltar não poderia ser melhor.

José Aníbal é economista, deputado federal licenciado e secretário de Energia de São Paulo.