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O Brasil preparado?

Artigo publicado no Blog do Noblat, na versão on-line do jornal O Globo, em 12/02/2014

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Faltam 120 dias para o início da Copa. A morte de Santiago Andrade, cinegrafista vitimado pelas costas por um explosivo black bloc, expõe ao mundo as vísceras do nosso despreparo. No quesito Copa, como de resto o mandato inteiro, o governo Dilma é um espetáculo de desorganização, negligência e improviso.

Ninguém acredita quando o governo diz que está preparado na segurança. Afinal, é sabido que não existe uma política federal para o tema. Mas e o resto? Cadê a melhoria nas telecomunicações? Os reforços do setor elétrico, aeroportos e transportes públicos? Foi para isso que se criou o Regime Diferenciado de Contratações?

O governo não consegue sequer formatar uma lei sobre terrorismo. As promessas de investimento em inteligência e monitoramento não passaram de lorota. Como se viu na morte do jornalista, explosivos estão ao alcance de quem não tem o mínimo requisito intelectual para manuseá-los. Imagine na Copa.

Numa entrevista publicada terça-feira, o vice-presidente da Federação Nacional dos Delegados da Polícia Federal, Amaury Portugal, traçou um desenho sombrio do que foi feito com a instituição no governo Dilma. Nas palavras dele, a Polícia Federal foi estrangulada financeiramente, mas o problema também é político.

Um fator é o corte drástico de recursos, o que fez desabar a eficiência operacional da PF. “O outro é que você não sente por parte do poder público a vontade necessária para que a Polícia Federal seja atuante como era há alguns anos”, disse o delegado Amaury.

Em dezembro do ano passado, divulgou-se que os indiciamentos por crime organizado caíram de 4.941, em 2007, para 759, em 2013. Em janeiro, os jornais denunciaram que uma nova metodologia adotada para medir a eficiência da instituição tinha cheiro de maquiagem. Ninguém desmentiu com vigor.

Os justiçamentos de rua observados na semana passada e a lambada que Henrique Pizzolato deu no Estado Brasileiro escancaram o vácuo de autoridade, de competência e de compromisso que existe no Ministério da Justiça. Em quatro anos, José Eduardo Cardozo segue incapaz de formular uma ação efetiva que seja.

Os 10 anos da ação corrosiva do PT sobre as instituições agora cobram seu preço. As coisas não funcionam nem debaixo de gritos e palavrões. Na segurança, como no resto, o governo deitou em berço esplendido e não trabalhou. Se o problema fosse apenas a possível desmoralização, vá la. Mas não é. Aqui, atribuir a incompetência aos pessimistas não vai colar.

José Aníbal é economista, deputado-federal licenciado e ex-presidente do PSDB.