Após cinco mandatos como deputado federal, o tucano José Aníbal (SP) fez um discurso de despedida da Câmara nesta quinta-feira (18). Eleito 1º suplente do senador José Serra (SP) para a próxima legislatura, o parlamentar acompanhou de perto as transformações vividas pelo Brasil nos últimos 20 anos. Líder da bancada do PSDB na Casa por quatro vezes, Aníbal testemunhou a força do Congresso.
Em 45 anos de vida pública, Aníbal diz ter visto mais acertos do que erros no desenvolvimento do país. Com a transição da ditadura militar, na década de 80, a nação deixou para trás ódios e violências e ergueu uma democracia vibrante. A Constituição de 1988 preservou garantias fundamentais e ampliou os direitos sociais. Em 1993, quando o tucano chegou ao Congresso, o Parlamento passava pelo escândalo dos Anões do Orçamento, de dimensões inéditas ara a época.
“Cheguei praticamente junto com o presidente Itamar Franco, a quem coube conduzir o país após o fiasco. O Executivo estava enxovalhado e carcomido por esquemas de corrupção. Do ponto de vista social, vivíamos o caos”, disse. O deputado lembra que, nos 12 meses anteriores ao início do Plano Real, a inflação acumulada chegou a 5.000%. Nesse cenário, Fernando Henrique Cardoso viu a oportunidade política de aprovar medidas duras para salvar a economia nacional. “Tudo isso foi discutido e decidido no Congresso, por isso esse programa deu certo”, explicou.
Com a nova moeda, responsabilidade fiscal, quebra de monopólios, metas fiscal e de inflação, e a criação de agências reguladoras, o Brasil mudou. “As pessoas voltaram a fazer planos e poupar”, afirmou Aníbal. Nos últimos anos, no entanto, a estabilidade alcançada no governo FHC foi desgastada nas gestões petistas. “Dilma poderia deixar como legado instituições sólidas. AO contrário, deixará o país parado, a economia em ruínas e um Estado comido por parasitas”, criticou.
A atuação de Dilma no setor elétrico foi uma “insanidade”, alertou o deputado. Em 2012, a presidente empurrou a Medida Provisória 579 alegando que pretendia reduzir o preço da conta de luz. O resultado foi a desorganização do setor e prejuízo de R$ 100 milhões, diz o parlamentar. “Vamos terminar o ano com uma das energias mais caras do mundo e no ano que vem aumentará em mais de 20% e, para as residências, 17%”, frisou.
Guerra digital – Aníbal reprovou os ataques sofridos pelas redes digitais durante as eleições em função de calúnias do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que responderá na Justiça pela falsa denúncia.
As mentiras, no entanto, não afetaram a trajetória de Aníbal na vida pública. Ele declara que continuará a trabalhar para o crescimento sólido do país. “Essa minha disposição vem de longe e se associa sempre a uma condução na vida pública e privada transparente”, completou.
O tucano citou frase de Mario Covas gravada em um busto na Câmara dos Deputados que reflete seu pensamento: “Creio no Parlamento, ainda que com suas demasias e fraquezas, que só desaparecerão se o sustentarmos livre, soberano e independente.”
(Da Redação PSDB na Câmara/ Foto: Alexssandro Loyola)