Business is booming.

Aposta nas Prefeituras Distritais

0

Aposta nas Prefeituras Distritais

Confira a entrevista de José Aníbal ao Diário do Comércio (14/01) sobre os desafios de São Paulo

Um dos quatro pré-candidatos do PSDB à disputa pela prefeitura paulistana, em 2012, o atual secretário de Energia de São Paulo, José Aníbal Peres de Pontes, espera vencer as prévias no partido, que devem ocorrer até março, com base em seu desempenho político, em especial na legenda.

Nascido em Guajará-Mirim (RO), em 1947, na adolescência foi estudar no Rio de Janeiro. Mudou-se para Lavras (MG) e, depois, para Belo Horizonte. Lá estudou na Faculdade de Economia. Foi expulso e jubilado da escola por causa das atividades políticas contra o regime militar, na época.

Em 1973, Zé Aníbal, como é conhecido, seguiu para o exílio, primeiro no Chile e depois da França, onde concluiu o curso de Economia, em Paris.

De volta ao Brasil em 1979, com a anistia, veio para São Paulo. Em seguida, ajudou a fundar o PT, do qual saiu logo, por discordar do excesso de grupos dentro do partido.

Entrou no PMDB e depois no PSDB. Nas eleições de 1990, ficou como suplente de deputado federal, assumindo o cargo em 1993. Em seguida, foi eleito quatro vezes para a Câmara Federal pelo PSDB. Elegeu-se ainda vereador pela legenda, em São Paulo, exercendo esse cargo entre 2005 e 2006. Assumiu também a Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico e, agora, comanda no estado a pasta da Energia.

Caso seja escolhido o candidato dos tucanos na disputa para a prefeitura, tentará vencer a eleição com as propostas de criação das prefeituras distritais, melhoria nas áreas sociais e descentralização dos investimentos. Confira a seguir.

Diário do Comércio – Quais são as chances de o senhor ser escolhido candidato a prefeito nas prévias do partido?

José Aníbal – A iniciativa dessa ação foi dos militantes, ativistas e líderes do PSDB em São Paulo, tendo à frente o governador Geraldo Alckmin. E eu tenho uma história no partido. Fui presidente nacional da sigla, de 2001 a 2003, e duas vezes líder da legenda na Câmara dos Deputados. Relaciono-me bem com o partido, de forma frequente, e não somente em momentos de eleição.

Esse relacionamento é constante porque não consigo imaginar a vida pública dissociada de partido. Sempre tomei minhas decisões em relação às políticas públicas para a cidade, o estado e o País, com base nessa associação partidária. Tanto que minha convivência na política é a convivência pública, não a privada. Por isso, tenho a saudável expectativa de ser escolhido candidato, um dos meus atuais desafios. Mas não tenho dúvida de que, seja quem for o escolhido, será um candidato forte para disputar e vencer a eleição.

DC – Na pesquisa eleitoral mais recente, o senhor tem só 3% das intenções de voto. Nesse quadro, é possível ser competitivo na disputa?

José Aníbal – O fato é que agora a pesquisa é recall, como explicam os especialistas. À medida que você aparece como candidato, começa a colher adesões em função da visibilidade que passa a ter, desde que tenha capacidade de conseguir adesões e apoios. Além disso, o PSDB tem tradição e identidade política no estado.

O eleitorado sabe que o partido, em geral, costuma fazer o que é preciso ser feito. Age para criar oportunidades, melhorar a vida das pessoas, e não em benefício de apenas um ou outro setor social ou da própria legenda. Nosso candidato será muito competitivo.

Em primeiro lugar, pelo programa de governo a ser apresentado aos eleitores. Depois, pelo apoio dos líderes, como o governador Alckmin, o José Serra, o Fernando Henrique Cardoso e o senador Aloísio Nunes.

Terá ainda o candidato apoio dos militantes e das bases dos nossos parlamentares. E o partido tem boa capacidade de dialogar e de se entender com outras forças políticas. Diante disso tudo, terá muitas chances de vencer a eleição.

DC – Com quais legendas o PSDB pretende se unir, para disputar a prefeitura paulistana?

José Aníbal – Há conversas com várias forças políticas, para criar uma coligação forte na disputa. Já tive um encontro com Paulo Maluf, do PP; com Campos Machado, do PTB; com Márcio França, do PSB, e com vereadores desse partido. Além disso, também conversei com Rodrigo Garcia e com Alexandre Moraes, ambos do DEM; com o Paulinho da Força, do PDT; e com líderes do PPS, partido que tem a Soninha como candidata. Já entrei em contato com líderes do PSD, que tem forças expressivas, como o nosso vice-governador, Guilherme Afif, e o prefeito Gilberto Kassab. Ainda vou manter contato com o PV.

Muitos desses partidos têm pré-candidatos ou candidatos já lançados para a prefeitura. é com essas forças que pretendemos nos entender e nos coligar, com base em nosso programa de governo. Nossa cidade é de gente empreendedora, que vem para cá para trabalhar, estudar e melhorar de vida. Identifico-me profundamente com isso. Quero ser prefeito para criar mais oportunidades, para descentralizar a gestão e criar as prefeituras distritais no lugar das subprefeituras.

DC – O que será uma prefeitura distrital?

José Aníbal – Caso eu seja candidato e eleito, São Paulo terá 31 novos prefeitos – lógico que sob o comando do prefeito na sede central, no Anhangabaú. Em todas as regiões da capital há um forte desejo de participação. As comunidades de São Paulo estão se sentindo meio abandonadas. As pessoas sabem mais das prioridades nos locais onde moram.

O governo municipal tem de se aproximar mais da população, para atender melhor às demandas e ter iniciativa para garantir a revitalização e o desenvolvimento de todas as regiões. A prefeitura está um pouco aquém do espírito empreendedor do paulistano.

Para mudar isso, cada um dos prefeitos distritais terá autonomia para constituir agências de desenvolvimento. Assim poderá atrair empresas para o local, oferecendo-lhes, por exemplo, reduções de ISS, IPTU, melhoramentos logísticos e de infraestrutura. Terão ainda poder para implementar escolas de ensino técnico e tecnológico.

Das 51 Fatecs do estado, São Paulo só tem seis. Precisamos distribuir no mínimo mais 11 delas pela cidade. Ainda em relação aos prefeitos distritais, eles deverão atuar em conjunto com os secretários municipais e estaduais, para encontrar soluções de forma integrada em várias áreas, como educação, transportes, saúde, segurança, meio ambiente, enfim, em todos os setores. Por meio das prefeituras distritais, haverá mais facilidade para a descentralização dos investimentos, tornando-os mais eficazes.

DC – Como a descentralização do investimento poderia beneficiar a cidade?

José Aníbal – Há vários exemplos. Vou me concentrar em logística. Há muito investimento do governo estadual em logística, como a conexão da Avenida Jacu-Pêssego ao Porto de Santos e ao Aeroporto de Guarulhos, que foi inaugurada dia desses.

Ela permite um desenvolvimento consistente da Zona Leste. Inclusive espero que o prefeito Kassab mande logo para a Câmara Municipal a Operação Rio Verde-Jacu-Pêssego, para que possamos estimular o investimento em serviços e em novos empreendimentos ao longo da Avenida Jacu-Pêssego. Com a consolidação desses investimentos, os trabalhadores da Zona Leste terão oportunidade de trabalhar na região e não no Centro ou em outras áreas da cidade, como ocorre hoje.

DC – Que propostas para a área social o senhor apresentará, caso seja candidato?

José Aníbal – Temos 1,3 milhão de idosos na cidade. Temos apenas três Centros de Referência do Idoso. Vamos criar dezenas deles, até porque exigem investimentos baixos. Em relação às creches, temos 143 mil crianças fora delas na cidade. Essa situação deveria envergonhar os paulistanos. Quem passa pela creche, entra no primeiro grau alfabetizado. Quem não passa, chega sem saber ler e escrever. Isso cria diferenças e dificuldades que não são pequenas.

Temos de superar essa situação, para que paremos de desperdiçar talentos. As comunidades e as empresas serão estimuladas a se envolver na busca de soluções para os problemas sociais. Veja bem, o prefeito de São Paulo precisa ter autoridade política, moral, para dialogar com a sociedade, e humildade, para ouvir e encontrar soluções melhores. Há ainda a questão ambiental. Vou dar um exemplo.

O governo do estado já caminha para o Tietê 4, ao fim do qual, Deus queira, a Bacia do Tietê estará fortemente recuperada. Mas isto não se faz sem a recuperação dos córregos da cidade. Vamos investir bastante na recuperação dos córregos. Enfim, em São Paulo, sustentabilidade está associada à competitividade econômica, justiça social e preservação ambiental.

DC – Caso dispute a eleição, o senhor temerá o candidato do PT?

José Aníbal – De forma alguma. Terei por ele respeito, como tenho por todos os adversários. O PT ganhou a eleição em 2000 com nosso apoio. Naquela eleição, no segundo turno, o PSDB decidiu apoiar Marta Suplicy. Ela ganhou a eleição, mas não foi bem. Tanto que, quatro anos depois, nós ganhamos da Marta. E quatro anos depois, o Kassab ganhou da Marta. O Lula era o presidente em 2004 e em 2008.

São Paulo tem muita autonomia no julgamento de quem é melhor para si. A cidade é muito zelosa. Nesta eleição, pelos apoios que tem, como o do ex-presidente Lula, acho que o candidato do PT será bem competitivo, mas de modo algum isso significará vitória na eleição. Mais uma vez temos toda condição de enfrentar e vencer esse partido aqui na capital. Digo, novamente, que em São Paulo, sustentabilidade está associada a competitividade econômica, justiça social e preservação ambiental.