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São Paulo busca energia limpa e de qualidade

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São Paulo busca energia limpa e de qualidade

Confira a entrevista do secretário José Aníbal ao portal Canal Energia. Na pauta, Cesp, expansão da oferta de geração renovável e melhorias na distribuição de energia.

* Fábio Couto, da Agência Canal Energia

Agência CanalEnergia – Diante de iniciativas como o Selo Verde e os incentivos fiscais para geração à biomassa, qual é a perspectiva da Secretaria de Energia para o potencial da biomassa a partir de então?

José Aníbal – Há dez anos, a nossa cogeração com bagaço de cana era zero, começamos a colocar o excedente na rede, pouco a pouco. Encerramos o ano passado com 2.700 MW, que já é um número expressivo. A decisão do governador Geraldo Alckmin de recriar a Secretaria de Energia tem a ver, inclusive, com o estímulo ao setor sucroalcooleiro, para que ampliem a cogeração de energia com bagaço de cana e logo, logo, também com a palha, que é um energético de valor calórico equivalente ou maior do que o bagaço de cana. Portanto, a nossa expectativa ao isentar de ICMS todas as máquinas e equipamentos necessários à implantação de novas caldeiras e também para a reforma de caldeiras existentes, é a de ter entre 12 e 15 usinas por ano, nos próximos quatro anos, fazendo a cogeração com excedente, e almejando chegar, no total, a mais 5 mil MW de cogeração até 2015.

O potencial do setor, segundo o professor [José] Goldemberg [da USP], seria cerca de 15 mil MW, equivalente a uma Itaipu [que possui 14 mil MW]. Se considerarmos os 2.700 MW que tínhamos até o final do ano passado, mais 5 mil MW que queremos adicionar até 2015, já teremos 7.700 MW e é possível, sim, imaginar um conjunto de iniciativas que nos levarão a 15 mil MW de energia verde, renovável, enfim, a energia proveniente de uma cana que está rendendo cada vez mais, nem de longe está associada apenas à açúcar e álcool, mas também à cogeração, à produção de gás, extração de mais etanol do próprio bagaço… é um setor em que estamos fazendo várias pesquisas, por iniciativa do governo e dos produtores, e esperamos um forte crescimento ao longo dos próximos dez anos.

Agência CanalEnergia – Além dos novos projetos, existe o retrofit. As medidas também envolvem a modernização, então?

José Aníbal –Sim, o decreto assinado pelo governador faculta às usinas existentes fazer o retrofit, a modernização com isenção total de ICMS para os bens, que são quase todos produzidos no Brasil e boa parte deles produzida em São Paulo.

Agência CanalEnergia – Então, já para os leilões A-3 e de reserva, em agosto, é possível prever um aumento da participação da biomassa?

José Aníbal – Sem dúvida. A maior participação de São Paulo, neste leilão, é de biomassa, com mais de 2 mil MW. é a relevância do setor. E é muito importante citar a palha. A nossa cogeração com bagaço é feita durante sete ou oito meses por ano. A palha, que nós estamos pesquisando intensamente, a partir de 2014 não poderá mais ser queimada. Terá que ser dada uma destinação e nós trabalhamos para que essa destinação seja cogeração. Nessas condições, pode-se ter uma geração média anual de energia ao longo de 12 meses, porque quando não tiver o bagaço, terá a palha.

Ou ainda uma terceira alternativa: eu já vi um projeto em Paulínia. é uma empresa que possui um aterro sanitário, eles estão separando 1 mil toneladas/dia, sendo metais para um lado, lixo úmido para outro. E o lixo mais seco, mais apto para a geração de vapor e energia é metade desse volume, ou seja, eles estão gerando todo dia 500 toneladas de uma biomassa que pode ser usada também na queima. Trabalhamos para que se possa beneficiar mais a todas as biomassas possíveis, inclusive as provenientes de processamento de resíduos sólidos.

Agência CanalEnergia – Inclusive, no caso dos resíduos sólidos, já se enquadrando na nova Lei que estabelece política para o tema, eliminando os lixões…

José Aníbal – Não só os lixões, mas também os próprios aterros sanitários, eles só sairão com condições muito rigorosas. é um imperativo. Eu tenho dito que, nesse aspecto, estamos um pouco defasados. Existem 800 usinas de processamento de resíduos sólidos no mundo e nenhuma no Brasil. Eu já visitei duas ou três. é nosso propósito ter uma planta, rapidamente. Existem várias empresas, o que falta é fechar a equação, talvez tenha que haver um tipo de participação do governo, ter uma unidade que sirva de referência para o Brasil.