José Anibal diz que Dilma perde com o acordo entre Marina e Eduardo Campos
Para o PSDB, a aliança de Marina com Eduardo Campos mostra que base aliada se desestruturou
GERMANO OLIVEIRA
SãO PAULO O PSDB entende que a união do governador Eduardo Campos com ex-senadora Marina Silva é positiva para as oposições, já que amplia a divisão da base aliada da presidente Dilma Rousseff, segundo disse ao GLOBO o tucano José Anibal, secretário de Energia do governo Alckmin e um dos principais líderes do partido em São Paulo. Para ele, o governo petista é o grande perdedor desse processo.
— A união de Marina com Eduardo Campos tem impacto positivo para as oposições. Primeiro porque mostra uma desestruturação da base de sustentação do projeto petista. O Solidaridade já estava fora da base, mas esse movimento da Marina amplia a divisão das forças de sustentação do governo, até porque consolida a candidatura de Eduardo Campos ou de alguém desse PSB ampliado, com adesão do grupo Rede. Isso vai dar uma centralidade maior ao debate de ideias e projetos para as eleições do ano que vem.
Segundo Anibal, o governo Dilma é o grande derrotado nesse processo de aproximação de Campos com Marina.
— Acho que essa união contribui para o término do ciclo petista. Ela cria condições para a derrota desse projeto petista, que tem um modo desastroso de governar. Não foi a toa que Lula reagiu dizendo que era um soco no figado.
Anibal acredita que a candidatura de Aécio Neves ganha maior vitalidade para derrotar os petistas.
– Vamos mostrar que o processo de cooptação, de construção da maioria política, está se esgotando. Não tem qualidade no rumo que estão dando ao Brasil. Não tem qualidade necessária a um projeto que seja sustentável, que nos faça avançar, ter um novo paradigma de gestão.
Para ele, o governo Dilma é “fruto de pura jogada de marketing”.
– O marqueteiro de Dilma, João Santana, deu uma entrevista mostrando um linguajar fascista, referindo-se aos adversários como anões e a presidente como alguém que ocupa o olimpo. Não é assim. O país mostrou que tem vitalidade, soluções inovadoras, dentro de um projeto que tem por objetivo derrotar esse ciclo petista. A união de Marina com Eduardo Campos é como uma pedra na água, que vai criar outras ondas, que certamente abalarão as forças governistas.
Segundo o líder tucano, a dobradinha Eduardo Campos com Marina Silva “não impacta a candidatura do Aécio, pelo contrário, a potencializa”.
— é mais um movimento que mostra que o ciclo petista exauriu. Ao contrário do que dizem os marqueteiros o país não consegue superar os desafios da logistica, da infraestrutura, da qualificação profissional, da inovação tecnológica, de explorar melhor as oportunidades que se abrem. O país está travado e com ações que provocam situações nefastas. A Petrobras, por exemplo, está penalizada pela gestão do governo. O que é mais grave é que essa penalização se dá também pela penalização do setor sucro-energético. Em 2011, a presidente decidiu arbitrariamente reduzir de 25% para 20% de etanol na gasolina. Agora voltou atrás, mas porque colocou o setor no anticlimax durante um ano e meio, criando um desestimulo forte ao setor. O governo não tem planejamento estratégico nenhum em matéria de suprimento de energia. Esse projeto está exaurindo. é por isso que as dissidências estão se multiplicando.
Para ele, o candidato do partido a presidente será mesmo Aécio Neves, apesar de José Serra ainda não ter desistido do processo.
— Quase a totalidade do partido quer Aécio como candidato a presidente. Ele tem mostrado qualidade para isso, com as alianças que tem procurado, de propor diálogo com socidade para formatar um programa. O PSDB vai entrar nesta eleição com uma unidade muito intensa. Unidade de ação, de convergência de um programa. O governo petista obteve uma herança bendita e teve situação favorável com a valorização das commodities. E não estruturou o país para crescer e gerar mais e novos empregos, para competir melhor, para inovar mais foi precário. E está ficando claro agora. O governo age por impulsos, tira IPI daqui e coloca o IPI alí, mas não tem uma política econômica consistente. é o velho populismo.