13 de outubro de 1992, sete horas da manhã, fazendo uma caminhada no Rio de Janeiro, leio a notícia numa banca: desapareceu helicóptero com Ulysses Guimarães. Por ter vivido trágica e semelhante situação na minha família, pensei no pior. Mas a angústia logo foi associada à torcida por uma emergência salvadora.
Uma hora depois, com a família no carro e rádio ligado, iniciamos a volta para Sampa. Paramos em Aparecida. Fomos ao santuário. Pedir pela vida de Ulysses e dos que o acompanhavam: a esposa, Mora, Severo Gomes e Ana Maria Henriqueta, e o piloto Jorge Comeratto.
A viagem terminou. Nenhum sinal do helicóptero.
Alguns dias antes, almoçando com Miguel Reale Jr, muito próximo do dr. Ulysses, falei da minha satisfação em passar a conviver com ele na Câmara a partir de janeiro de 1993: eu era suplente de deputado e iria assumir o mandato, na vaga de um dos três deputados federais do PSDB que se elegeram prefeitos no Estado de São Paulo.
Minha admiração por Ulysses vinha desde o exílio, pelo destemor do seu compromisso com a liberdade, com a democracia. Das suas frases memoráveis, corajosas, desafiadoras. Na convivência com ele nas Diretas Já, testemunhei a grandeza do homem público movido por convicções.
Após a derrota da emenda Dante de Oliveira, fui ao aeroporto de Congonhas com o saudoso deputado estadual Waldemar Chubaci recepcionar o “Sr. Diretas”. Nós dois e o sempre presente Oswaldo Manicardi. A chegada de Ulysses foi praticamente ignorada. Anticlímax pela derrota e frustração com quem mais encarnou o maior movimento político/democrático de nossa história?
Na ida para sua casa, conversamos sobre participação na comemoração do 1º de Maio no Ceret do Tatuapé. Topou.
O “Sr. Diretas” voltava à planície. Uma dedicação permanente e exclusiva à política, à boa política. Um protagonismo permanente pela liberdade e por aquilo que considerava a boa economia: a dispensa bem aprovisionada.
Merece todas as homenagens. A maior delas: aprender com ele a integridade, a probidade e o compromisso de vida cidadã, que deve ser o primeiro compromisso dos que fazem política.
Grande e luminoso Ulysses!
José Aníbal