Aníbal instala Conselho de Política Energética
Função do CEPE é traçar diretrizes para políticas públicas, além da busca pela inovação
Em cerimônia realizada no Palácio dos Bandeirantes na manhã da última quarta-feira, dia 30 de março, o secretário de Energia de São Paulo, José Aníbal, presidiu a sessão de instalação do Conselho Estadual de Política Energética (CEPE). Ao lado do governador Geraldo Alckimin, José Aníbal recebeu o vice-governador, Guilherme Afif Domingos, e os secretários do Meio-ambiente, Planejamento, Saneamento, Agricultura e Casa Civil.
“São Paulo tem tamanho de país. Tem parque industrial e população de país. Temos grandes desafios. Tenho certeza de que o Conselho Estadual de Política Energética trará muitas contribuições a São Paulo e ao Brasil”, disse o governador Geraldo Alckmin, após a apresentação dos membros do CEPE.
Além dos titulares das pastas citadas, o CEPE é formado por representantes da Assembleia Legislativa (Rodrigo Del Nero), das universidades públicas (Carlos Alberto Canesin/Unesp), dos institutos de pesquisa (João Fernando Gomes de Oliveira/IPT), da FIESP (Carlos Antonio Cavalcante), da FECOMéRCIO (Sanae Murayama Saito), da FAESP (Fábio Salles Meirelles), e por quatro membros de notório saber (Prof. José Goldemberg, Prof. José Sidney Martini, Prof. Sérgio Bajay e Prof. David Zyjlbersztajn).
José Aníbal abriu a reunião ressaltando a importância de trazer ao debate tantas inteligências e pontos de vista. Mas não se alongou nas considerações. Passou a palavra ao prof. José Goldemberg, a quem carinhosamente tratou por “decano” do grupo. José Goldemberg lembrou que o planejamento energético e as diretrizes públicas não podem deixar de lado a questão da sustentabilidade. “Enquanto a Inglaterra cobra 16 € por tonelada emitida de CO2, o governo brasileiro isentou o IPI dos automóveis sem pedir nenhuma contrapartida ambiental das montadoras. é preciso agir”, disse.
No mesmo tom, o secretário de Agricultura de São Paulo, João Sampaio, sublinhou os esforços em inovação na área de biocombustíveis, como, por exemplo, o desenvolvimento do diesel a partir de cana-de-açúcar, bem como do querosene de aviação produzido a partir de Etanol. “é preciso apoiar e aprofundar estas pesquisas. A expertise do Brasil nos biocombustíveis nos dá uma vantagem estratégica que precisa ser melhor aproveitada. Aí está o futuro”, disse.
Carlos Alberto Canesin, representante da Unesp, lembrou do enorme potencial em energia fotovoltaica que o Brasil não aproveita. Do total de energia de origem fotovoltaica produzida no mundo, aproxidamente 50% é produzido na Alemanha. Já o Brasil, que possui um potencial incomparavelmente superior, não domina a tecnologia nem estimula adequadamente o seu uso em grande escala. “O mesmo pode ser dito da energia eólica”, completou.
Outro assunto bastante discutido foi a cogeração a partir do bagaço de cana. José Aníbal afirmou que os estímulos dados pelo Governo de São Paulo já dão resultados efetivos: por ano devem ser trocadas 15 caldeiras de baixa pressão por outras mais modernas, que produzem mais energia. O passo seguinte, conectar as usinas de cogeração de energia a partir do bagaço da cana à rede nacional, já está adiantado. “Não faltam investidores interessados”, afirmou o secretário.
Aproveitando o apelo por soluções inovadoras, baratas e limpas, o prof. José Sidney Martini sublinhou outra importante função do CEPE: ser um centro indutor de inovação. Porém, não apenas na geração de tecnologia e em soluções em viabilidade técnica, mas também na gestão do setor energético. Como exemplo, citou a discussão atual sobre os royalties do petróleo: “Por que não receber parte do pagamento dos royalties em gás natural?”.
Por fim, o secretário de Energia e presidente do CEPE, José Aníbal, ressaltou a importância de um fórum de discussão e de indução de políticas públicas tão qualificado e variado como o que foi instalado na manhã de hoje. “Unir personalidades de notório saber, representantes do setor produtivo, representantes do governo e dos institutos de pesquisa dá uma boa química. Uns pedem mais foco, outros mais regulamentação, outros pedem mais abertura ao Governo Federal. A demanda sobre a área energética é enorme. Isso mostra como foi oportuna a recriação da Secretaria de Energia e a instalação do Conselho.”, concluiu.