A TV Globo SP exibiu duas reportagens a meu respeito – uma na edição de meio-dia do SPTV, outra na edição noturna – com base em uma “delação” mentirosa de um ex-diretor da Odebrecht, um depoimento frágil e sem sustentação que não dura 5 minutos.
Na primeira reportagem, cometeram uma falha grave: não me procuraram para ouvir minha versão dos fatos, premissa do bom jornalismo. Na segunda, novo equívoco: disseram que eu serei “julgado”, mas a petição do STF nem sequer chegou à Procuradoria da República em São Paulo. Se e quando vier a ser aberto algum inquérito, ficará claro que o “delator premiado” não terá como provar suas mentiras.
Em nome do seu direito de cobrar explicações de minha parte, e para que a verdade seja restabelecida, reproduzo aqui a nota enviada ao Grupo Globo:
“A reportagem exibida pelo jornal SPTV 1ª edição no dia 17 de abril de 2017 é um desrespeito não só à minha honra, como aos princípios editoriais do Grupo Globo e às premissas básicas do jornalismo. Nenhum profissional da TV Globo me procurou para ouvir minha versão dos fatos apontados por um ex-diretor da Odebrecht – ou seja, a reportagem toma como se fosse verdade absoluta as declarações de um criminoso confesso, um “delator premiado”. Se os jornalistas tivessem me ouvido, saberiam que se trata de uma mentira, uma calúnia: nunca procurei ou recebi nenhum representante ou preposto da Odebrecht nem como candidato, nem no exercício de funções parlamentares ou de secretário de Estado.
A suposta doação de R$ 50 mil não aparece em minha prestação de contas de candidato a deputado federal em 2010 por uma simples razão: ela não existiu. Todas as doações recebidas pela minha campanha naquele ano foram registradas. A prestação de contas foi aprovada em novembro, pouco mais de um mês após minha eleição.
Minha versão dos fatos não se restringe à questão da aprovação de contas, como disse o apresentador César Tralli com base em nota emitida por minha assessoria no dia 12 de abril. Esse texto foi redigido antes de se tornarem públicos os depoimentos colhidos pelo Ministério Público, quando eu afirmava justamente que estava buscando o acesso ao teor da petição 6844. O próprio G1 noticiou isso no dia 15: nesse caso, fui procurado antes da publicação e, após envio de e-mail à redação às 19h30, a informação foi incluída.
No entanto, o mesmo G1 comete falha grave na transcrição da reportagem do SPTV. O texto distorce uma frase do delator e faz parecer que ele “planejou” minha nomeação como secretário de Energia. O que o ex-diretor teria “planejado” é a suposta doação. Isso só mostra o quanto o desrespeito às boas práticas jornalísticas pode ser tão danoso quanto a fabulação criminosa de um “delator”.
O episódio de agora parece uma farsesca repetição do que ocorreu em 2013, quando fui vítima de uma calúnia forjada por petistas, por meio de um dossiê apócrifo e mentiroso. Após insistentes pedidos de apuração de minha parte, o Supremo Tribunal Federal desmoralizou a fraude e arquivou o processo. O mesmo ocorrerá diante da farsa forjada pelo “delator” da Odebrecht.
O jornalista, ao dar fé ao delator sem me ouvir, sustenta uma fabulação que associa uma doação fictícia à possibilidade de meu nome fazer parte do secretariado. Como nunca houve tal contribuição, trata-se de pura mentira, que ganha “ares de verdade” ao ser usada pela reportagem sem mínimo embasamento nos fatos. Surpreende-me a TV Globo dar voz a acusações frágeis, inverídicas e sem nenhuma prova, colhidas em um depoimento de menos de 5 minutos, sem nem sequer ter me procurado. O mínimo que se espera agora é a reprodução desta versão, respaldada nada menos do que pela verdade.”
José Aníbal
17 de abril de 2017