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José Aníbal vai à 7ª Feira Tecnológica do Centro Paula Souza

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Energia é destaque entre projetos de alunos das Etecs e Fatecs em feira tecnológica

7ª Feteps reuniu mais de 1.000 projetos de escolas e faculdades de tecnologia do Estado de São Paulo

Uma cadeira de rodas elétrica acessível aos cidadãos de baixa renda, um carregador de telefone celular movido a energia solar instalado em motocicletas e etanol produzido a partir de plantas aquáticas são alguns dos projetos apresentados na 7ª Feira Tecnológica do Centro Paula Souza (Feteps), realizada entre os dias 22 e 24 de outubro na cidade de São Paulo. A feira reúne projetos inovadores gestados por alunos das 211 Escolas Técnicas (Etecs) e 56 Faculdades de Tecnologia (Fatecs) estaduais , espalhadas por 161 municípios paulistas.

A rede formada pelas Etecs e Fatecs de ensino técnico e tecnológico de São Paulo já conta com 300 mil alunos. Em 2014, o orçamento da rede é de R$ 1,7 bilhão. “Os projetos nascidos dentro das Etecs e Fatecs apresentados na feira não surgiram de repente. São frutos de uma ação estadual, continuada, comprometida com qualificação profissional, inovação, competitividade e emancipação”, afirmou o secretário de Energia do Estado de São Paulo, José Aníbal, após participar da abertura da feira.

José Aníbal sabe do que está falando. Foi em sua administração como secretário de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico, entre 1999 e 2001, que o projeto das Fatecs e Etecs registrou nova expansão e se transformou em uma referência em ensino técnico e tecnológico profissionalizante em todo o Brasil.

A maior parte dos projetos apresentados na feira foi gerada a partir de demandas da vida diária da população. Cayke Lara, Vinícius Fuentes e ícaro Medeiros, alunos da Etec Jaraguá, todos na faixa dos 20 anos, viram, por exemplo, na dificuldade de locomoção de um colega cadeirante o incentivo para elaborar uma cadeira de rodas elétrica de baixo custo e que tivesse maior mobilidade. Segundo Cayke Lara, aluno do último semestre do curso de eletrotécnica, o amigo até ganhou uma cadeira elétrica em um programa de TV mas a cadeira especial era difícil de ser levada de um local para outro, uma característica essencial para quem precisa se locomover por transporte coletivo.

“Vimos que pessoas carentes precisavam de uma cadeira de rodas com os benefícios de uma elétrica mas mais simples e fácil de ser desmontada para ser levada de um local para outro em automóveis de passeio ou em transporte coletivo”, disse. Os alunos da Etec instalaram uma bateria em uma cadeira de rodas manual e com alguns ajustes conseguiram motorizá-la, com a inclusão até de um controle via joystick. Enquanto uma cadeira elétrica oficial pode ser comercializada por até R$ 15 mil, o projeto dos alunos da ETEC tem um custo em torno de R$ 800,00. “Já demos entrada na patente e existe uma empresa interessada no projeto, a Rimaq”, disse ele.

Já Jean Macarin, Marcel Fares e Rodrigo Maggot, alunos da ETEC Maria de Carvalho Senne, uma extensão da ETEC Prof. Aprígio Gonzaga, notaram que muitos motoboys enfrentam problemas para se comunicar com suas bases em meio às suas viagens diárias em função do descarregamento das baterias dos telefones celulares. Em uma pesquisa realizada em uma empresa de serviços de entrega por motocicleta, 90% dos empregados disseram que o celular descarregado é um obstáculo ao bom desempenho de suas funções. Os alunos da Etec viram na mobilidade da motocicleta ao ar livre um potencial para a captação de energia solar em uma placa fotovoltaica instalada na própria moto. “Decidimos construir um carregador de bateria alimentado por energia solar”, afirma Marcel, de 18 anos, aluno do terceiro módulo de informática. Os alunos alocaram uma placa de captação solar no baú da moto. A placa fotovoltaica tem capacidade de 2,4 Watt e consegue ser carregada em 4 horas, enquanto a moto anda pela cidade. Um carregador vinculado à placa solar garante o abastecimento de energia para o celular. O projeto foi testado durante uma semana, segundo os alunos, e atingiu os objetivos propostos. O custo do projeto, incluindo a placa solar foi de apenas R$ 170,00.

A energia solar também está nos fundamentos do projeto de Henrique Francisco, de 23 anos, aluno do quarto módulo de eletrônica da Etec de Cachoeira Paulista. Henrique conseguiu reduzir o custo de energia elétrica do sistema em 40% no laboratório de eletrônica da unidade da Etec ao instalar uma placa fotovoltaica na unidade ligada a uma bateria. “A placa capta a energia solar durante o dia e a energia é armazenada na bateria. Então, esta energia solar armazenada é utilizada para iluminar as oito lâmpadas do laboratório durante o período letivo noturno”, disse ele. O custo do projeto foi de R$ 1.200,00.

Na Fatec de Jaboticabal, a professora Rose Duda pesquisa a produção de biogás (metano) através de dejetos e esterco de suínos. A geração de biogás criava, contudo, como resíduo um volume grande água poluída que precisava ser tratada antes de ser descartada. Para este tratamento, a saída encontrada foi a utilização de plantas aquáticas como o aguapé e a alface d’água, que criadas em tanques, retiravam o excesso de nitrogênio da água antes de ser descartada. Porém, este processo levou ao desenvolvimento excessivo das plantas aquáticas, que se transformaram em outro resíduo. A existência destas plantas em abundância foi o ponto de partida para o projeto de Eduardo Carvalho e Roberto de Oliveira, orientados por Rose, de produzir etanol a partir da biomassa das plantas. “Provamos que é possível a produção de etanol celulósico. Encontramos um teor de 2,56% de etanol nas amostras. Precisamos aprimorar o processo mas o caminho inicial já está feito”, afirma a pesquisadora, que também trabalha em projeto para a reutilização de vinhaça, resíduos líquidos do setor sucroenergético.

Ao todo, a feira está apresentando 1.019 projetos, sendo 800 de Etecs, 166 de Fatecs e 53 de outras instituições, nacionais e internacionais, com grande concentração em energia, tecnologia e informática. A feira acontece até hoje na rua Tagipuru, 1.001, Metrô Barra Funda.