Chegou o Natal. Independentemente da religião e afora os apelos comerciais, é um momento de reflexão, renovação e renascimento. Sob essa inspiração, partilho com o leitor deste espaço minha mensagem que se presta a uma reflexão sobre a esperança quanto à volta do virtuoso caminho do crescimento econômico e social.
Para usar um expediente antigo resgatado por episódio recente da nossa política, decidi registrar minha mensagem numa carta, uma carta a Noel.
“Prezado Noel,
Meu país vive um estado de emergência. Mal completamos o primeiro ano do segundo mandato da presidente Dilma, e ela enfrenta o destino como uma roleta russa. Tem o mandato ameaçado por um processo de impeachment e um processo judicial em que é acusada de fraude nas contas eleitorais.
Ela e os seus dizem que impeachment é golpe. Na Folha de S.Paulo do dia 20/12/2015, Vinicius Torres Freire diz que pedalar foi só uma das manobras da presidente (aliás, ela parou de andar de bicicleta). Diz ele – e prova – que ela gastou sem ter autorização legal, pegou empréstimo de banco público e não registrou passivos. Violou artigos da Constituição, da Lei Orçamentária e da Lei de Responsabilidade Fiscal. Uma violadora. Quanto ao notório uso de propinas na campanha de 2014, o TSE vai julgar.
Sobre a corrupção que infesta a administração do Estado, não vou nem comentar, tenho certeza de que já chegaram ao Polo Norte as descobertas da Operação Lava Jato, que revelou a existência do maior esquema de corrupção do mundo descoberto até o momento.
Sabe, Noel, a derrocada de Dilma, na verdade, é a gota d´água de um projeto de poder que o PT tentou implantar e que deu certo enquanto conseguiu colher frutos do equilíbrio econômico que já encontrou estabilizado no país quando Lula assumiu o Planalto, em 2003.
A fraude petista começou a ruir quando a economia e a dinâmica da própria sociedade passaram a demandar as mudanças que precisariam ter sido feitas quando a estabilidade da moeda permitia e recomendava, pelo cenário internacional, que esse novo ciclo se iniciasse – o que não foi feito.
Mas não adianta chorar sobre o leite derramado!
Precisamos falar de projetos que respondam a milhães de famílias órfãs de um futuro que lhes foi prometido, mas não aconteceu. Falar aos nossos milhães de trabalhadores que engrossam o exército de desempregados, aos milhães de jovens que planejavam dedicar mais tempo aos estudos e que, encurralados pela crise sem precedentes que vivemos, agora foram carimbados como a “geração nem-nem”: nem conseguem estudar, nem conseguem trabalhar.
Mas como discutir o futuro se não temos presente?
Pois é, Noel, antecipando-se a tua visita, alucinada pelo poder, a presidente nos “presenteou”, às vésperas do Natal, com um novo Ministro da Fazenda. Barbosa é seu nome, e nada tem de novo. é o parceirão de Dilma na tal Nova Matriz Econômica. Esta que nos levou à ruína. é mais uma encenação para ganhar tempo contra a democrática ação da sociedade e das instituiçães pelo impedimento de Dilma.
A oposição tem, sim, um programa para o país. Seria vitorioso, não fosse o estelionato eleitoral. No Instituto Teotônio Vilela, centro de elaboração e formulação do PSDB, temos realizado debates e reuniães técnicas para atualizar informaçães e análises sobre caminhos para sair da crise. é a agenda positiva, que também é discutida por institutos e fundaçães de outros partidos de oposição. O fundo do poço está próximo e não temos muito mais tempo a perder. Vai ser preciso colocar o país nos trilhos.
Então, Noel, minha expectativa é que, com sua colaboração, possamos expandir esse alerta e, ao mesmo tempo, mobilizar a sociedade para, junto com as instituiçães, tirarmos o país da emergência.
Conto com você.
Feliz Natal!”
José Aníbal é presidente nacional do Instituto Teotônio Vilela e senador suplente pelo PSDB-SP. Foi deputado federal e presidente nacional do PSDB.