O deputado José Aníbal (SP) afirmou nesta quinta-feira (21) que o governo de Dilma Rousseff tenta criar uma falsa imagem de prosperidade e segurança no país ao lançar mais um pacote de estímulo ao crédito. Ontem, o Banco Central e o Ministério da Fazenda anunciaram uma série de medidas que aliam a injeção de dinheiro no sistema bancário, redução dos controles para a concessão de empréstimos e regras voltadas para o financiamento de imóveis e veículos. Cerca de R$ 25 bilhões devem ser disponibilizados para empréstimos.
“Esse governo apresenta soluções artificiais, que têm algum impacto, mas não resolve nada. Não ajuda a economia voltar a crescer, a gerar novos empregos e a melhorar a renda do trabalhador”, criticou Aníbal. “é tudo cena e marketing. Isso não vai reativar uma expectativa de melhora. Estão querendo criar uma expectativa de melhora que não tem horizonte com esse governo”, completou.
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21082014182711__uxhdbw__boletim_01_21_08_ana_maria_mejia_21_08_2014_novo_pacote_de_estimulo_ao_credito_dep_jose_anibal_sp.mp3INADIMPLêNCIA – As famílias, destacou Aníbal, já comprometeram boa parte de suas rendas com o pagamento de dívidas e demonstram dificuldade de saldar esses débitos. Levantamento divulgado nesta quinta pela Serasa Experian comprova o que afirmou o parlamentar tucano. Segundo a entidade, o número de consumidores inadimplentes atingiu, em agosto deste ano, 57 milhões de pessoas, um recorde histórico. No mesmo período de 2013, o número estava em 55 milhões e, em 2012, em 52 milhões.
O estudo mostra que 60% dos inadimplentes têm contas mensais a pagar que custam acima de 100% de sua renda mensal. Além disso, 53% dos endividados acumulam até duas dívidas não honradas.
Outro fator alarmante que engessa a capacidade dos cidadãos de contrair novos créditos é a inflação. Bem próxima do teto definido pelo governo, 6,5% ao ano, ela corrói os salários e reduz o poder de compra. “O governo tenta fazer mais uma maquiagem, mas não tem mudado em nada a realidade da economia. O custo de vida tem crescido de forma expressiva”, lamentou o deputado.
Especialistas ouvidos pelos principais jornais do país também alertaram para a insuficiência do pacote. “é uma tentativa desesperada e inútil de reverter a estagnação. As medidas passam a impressão de que o governo está desnorteado, perdido. Administrar por pacotes é ruim. é como um espasmo. Fazia-se isso nos governos Geisel, Figueiredo e Sarney”, afirmou, por exemplo, o presidente do Conselho Regional de Economia do Distrito Federal, Carlos Eduardo de Freitas, ao jornal “Correio Braziliense”.
TAPANDO O BURACO – O lançamento do pacote foi feito, coincidentemente, nove dias antes da divulgação do resultado do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre do ano. Para especialistas de mercado, representa um esforço da gestão petista de amenizar os efeitos de um PIB possivelmente negativo e da oficialização de que o país mergulhou em recessão.
Na semana passada, o Banco Central emitiu o sinal mais preocupante que indica essa ameaça. Considerado a prévia do resultado oficial do PIB, o índice de Atividade Econômica do BC (IBC-Br) registrou queda de 1,2% entre abril e junho, na comparação com o trimestre anterior. Foi a maior retração desde os primeiros meses de 2009 (-2,67%). No primeiro trimestre de 2014, o recuo do IBC-Br atingiu 0,02%.
NO VERMELHO
57 milhões
de pessoas estão com contas em atraso até agosto, de acordo com levantamento inédito da Serasa Experian divulgado nesta quinta-feira. Segundo o estudo, o aumento do endividamento das famílias e o descontrole ao assumir novas dívidas fizeram com que o número de inadimplentes no país batesse recorde em 2014. Em 2012, o número era de 52 milhões de brasileiros no vermelho.
(Reportagem: Luciana Bezerra, com informações do jornal “Folha de S.Paulo” e do portal “G1”/ Foto: Alexssandro Loyola)