“Seu Zé Aníbal, lembra do programa balança, balança, balança mas não cai? (risos nervosos entre os presentes) E esta senhora, vai só balançar ou vai cair? Não dá para continuar com ela. Todo dia piora. Não aguento mais pagar impostos. Empregos, vou ter que cortar. Com ela, não dá. Só vai piorar.” Dias atrás, o dono da padaria, trabalhador incansável, estava, e continua, muito preocupado. Mais que um desabafo é uma angustiante constatação de descrença e desejo urgente de mudança. Afinal, a percepção de quem se manifesta é que com ela vai piorar.
O que significa para Dilma continuar sendo presidente do Brasil? Uma determinação de sobreviver a qualquer custo – seja ele do tamanho que for, e é imenso – para seguir usufruindo de um poder que ela já não tem? O que resta, simbólico, do poder da presidente está totalmente maculado pelas impulsivas iniciativas com as quais consegue agravar a crise. E zerar sua credibilidade.
Na comunidade de Paraisópolis, domingo passado, um senhor aposentado me abordou perguntando se dava para falar com a presidente sobre a conta de luz. “Com aumento todo mês, não está dando para pagar a conta de luz. Será que ela não pode parar com os aumentos?” Não dá para falar com a presidente. Até porque ela não ouve. Acuada e mergulhada no alheamento, Dilma age de forma totalmente descontextualizada, um espírito atormentado pelos fantasmas e pelos desastres que criou.
Semana passada, neste blog, escrevi sobre “O cassino dos apoios”. é a resposta lulopetista ao “com Dilma não dá”. Diante do agravamento da crise e a possibilidade de impeachment, Lula e seus capitães do mato submeteram e interditaram a presidente. é o “agora é nós”. Revitalizaram o mais despudorado toma lá, da cá do lulismo, com os métodos do mensalão e do petrolão, inclusive no Ministério da Saúde!
Dilma será a presidente do Brasil que, reeleita, gerou a mais grave desorganização contemporânea de nossa economia. Repudiada pela grande maioria dos brasileiros, avessa a renúncia, está sendo interditada por seu criador. Lula está inovando. Temos agora uma presidente fantasma, que, incapaz de governar, vai sancionar as armaçães de Lula para mantê-la como marionete. Será a busca de uma improvável saída para a crise gerada pelo esgotamento do modelo petista. E seja o que Deus (ou o diabo) quiser. O que Lula vai tentar, com sua habitual astúcia e malandragem, é uma incógnita. O certo é que vai produzir bodes expiatórios para dar sobr evida ao lulopetismo, pedindo aos brasileiros o que eles já não dispãem: tempo.
Dentro do estrito cumprimento da Constituição, caberá ao Congresso Nacional, partidos e lideranças políticas um papel determinante no desfecho da crise. Os brasileiros, todos, querem sair da crise, voltar a crescer, ter esperança. Sabem do deplorável estado das contas públicas, da corrupção generalizada, da licenciosidade sem fim do lulopetismo. Não mais lhe atribuem qualquer credibilidade. Os brasileiros sabem que a espera de uma saída, mesmo considerando a esquizofrenia desse governo, será tempo para mais sofrimentos e incertezas.
Sempre acreditei que o Parlamento, em momentos graves, com todas as suas mazelas, é capaz de crescer e estar em sintonia com os anseios da população. Não há parlamentar, por mais recluso que esteja, ignorando o desastre que se agrava a cada dia e atinge todos os cidadãos e todos os setores da economia.
Não será fácil a recuperação do Brasil. Exigirá sacrifícios, combate tenaz aos privilégios, aos desperdícios, à corrupção, à gestão predatória do setor público. Transparência, credibilidade, atenção aos brasileiros mais atingidos pela crise. O lulopetismo, com a falência política, econômica, ética e moral de Dilma, resolveu dobrar a aposta para manter um poder que já não tem legitimidade. O Brasil vai responder: com Dilma e Lula não dá.
José Aníbal é presidente nacional do Instituto Teotônio Vilela e senador suplente pelo PSDB-SP. Foi deputado federal e presidente nacional do PSDB.