Os analistas políticos são unânimes em afirmar que esta será a eleição sob a égide da desesperança. Nunca a chamada classe política esteve tão desacreditada. A maioria das análises liga essa descrença à avalanche de escândalos que explodiram nos últimos 10 anos envolvendo governos e oposições. Creio que este diagnóstico está correto em partes. O que poucos lembram é que grande parte da descrença está no fato de que a população vê os políticos não apenas corruptos, mas, além disso, os identificam como pessoas que não cumprem a palavra, que dizem algo para ganhar o voto, depois traem tudo e todos com a maior desfaçatez.
Para uma parcela bastante considerável da população, o que um político diz não se escreve, e essa sensação de traição permanente destrói a fé das pessoas no sistema. O ápice dessa sensação se deu sob o governo do PT e em especial na reeleição de Dilma. Dias após ser reeleita, com margem mínima de votos, a então presidente fez tudo aquilo que dizia na TV que seus adversários fariam caso ganhassem. Não deu outra, pouquíssimos meses após isso, sua popularidade, que já não era das melhores, afundou e mais de 80% da população, segundo diversos institutos de pesquisas, afirmavam que Dilma era mentirosa, falsa e que havia aplicado um estelionato eleitoral nas eleições. Esse sim o verdadeiro golpe.
Frente à tamanha descrença e desmotivação da sociedade com o processo político, nossa tarefa é absolutamente clara e desafiadora. O povo clama não pelo novo, mas pelo efetivamente diferente. Diferente de tudo isso, que entendem ter recebido até hoje, querem alguém que não só resolva os problemas, mas que acima de tudo fale a verdade. Eis aí nosso desafio e nossa missão. No quadro eleitoral que se avizinha temos vários candidatos que se apresentam como a solução mágica de todos os nossos problemas e até conquistam alguns pontos expressivos nas pesquisas de opinião, em virtude do uso permanente e insistente de frases de efeito e jargões que têm alguma simpatia em parte do eleitorado. Entretanto, esses candidatos, bem diferente do que se apresentam, são apenas mais do mesmo. Se não o mesmo piorado.
Com certeza todos nós queremos soluções para nossos problemas de emprego, saúde, educação, segurança e outras áreas, e todos os candidatos estão falando sobre isso. O que poucos falam são dos problemas estruturais do país, em especial da sua crise fiscal, que mantém a economia engatinhando e que impede o Estado brasileiro de ter a menor capacidade de investimento, portanto, da solução para os problemas que afetam a população. Como o diferente é ser verdadeiro, sincero, honesto na gestão do dinheiro público, dizer o que se pensa de verdade caberá a nós, democratas reformistas, dizermos em alto e bom som que todas as promessas para educação, saúde, segurança, infraestrutura e emprego, entre outros temas, não conectadas com o compromisso de uma reforma fiscal, a previdenciária dentre elas, não passam de demagogia pura. Eleger alguém que se diz contra a reforma do Estado, contra a modernização de nossas leis e estruturas arcaicas, contra a reforma da previdência dentre outras, é pedir para repetir a revolta que marcou o desgoverno Dilma.
Para enfrentar essa tarefa, não tenho dúvida que a candidatura do ex-governador Geraldo Alckmin é a que efetivamente reúne as melhores condições. Alckmin além de ter experiência comprovada, vida modesta e íntegra (não tendo feito fortuna com a política) e capacidade de diálogo, não foge ao debate dos reais e mais profundos problemas nacionais. Não é um demagogo que fica falando frases de efeito para agradar plateia. Está construindo uma plataforma reformista não só propondo o combate à corrupção mas, além disso, propondo o fim dos privilégios, retirar o país das mãos das poderosas corporações e entregá-lo ao povo.
Geraldo Alckmin não é o candidato do mercado, até porque sabe que o mercado não tem pátria e se desloca facilmente em defesa de seus interesses. Mas Alckmin sabe que um ambiente favorável aos negócios com equilíbrio fiscal é essencial para a geração de empregos e melhoria da renda.
Neste momento, onde começamos a de fato marchar para as urnas, é vital assumirmos a nossa responsabilidade com o país e desmascararmos os demagogos populistas. O Brasil já conheceu a agenda deles e teve por resultado a disparada do desemprego, aumento da miséria, aumento da violência e a quase falência da administração pública, transformada numa sala de despachos dos interesses corporativos, seja de sindicatos, de grupelhos políticos corruptos ou de castas da elite do serviço público.
Na agenda populista o povo só recebe propaganda enganosa e migalhas, enquanto os empresários amigos do rei, as elites sindicais e do funcionalismo público federal e o sistema financeiro absorvem quase que todo dinheiro do orçamento público. Bolsonaro não é diferente disso. Em quase 30 anos de Congresso (de “novo” na política não tem nada) ele sempre esteve apoiando as medidas que agravaram a crise e defendendo privilégios para meia dúzia contra os interesses da grande maioria da população. É nossa obrigação desmascará-lo e mostrar que ele e o PT são duas faces da mesma moeda. Bolsonaro é tão parecido com o PT que recentemente teve uma conversa vazada onde dizia, a seu novo mentor econômico e suposto ministro da Economia, que ao chegarem ao governo ele poderia fazer o que quiser, mas para ganhar a eleição ele não poderia dizer a verdade sobre suas propostas para a reforma da Previdência. Trocando em miúdos, ele afirmou que na campanha é para mentir mesmo. Olhem a nova Dilma aí: o país não suporta um novo estelionato eleitoral.
Temos todos condições, e a obrigação, de fazer a campanha da verdade, falando com cada brasileiro sobre nossos graves problemas e do quanto será difícil a travessia, mas que com as medidas corretas, com as reformas necessárias e urgentes, o país tem rumo e que o único verdadeiramente comprometido e capaz de liderar essa mudança, com diálogo e a serenidade que o grave momento exige, é Geraldo Alckmin!
EDGAR DE SOUZA – Prefeito de Lins