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Nesta Brasília em transe, é frequente a referência ao salve-se quem puder, cada um por si e coisas do gênero, para caracterizar o ambiente de xepa, bem ao gosto do lulopetismo. Para surpresa da jararaca, seus apelos não colhem mais os retornos esperados. Já estão queimando papéis. Após o voto pró-impeachment na Comissão, o plenário da Câmara certamente vai aprovar o afastamento de Dilma. é a vontade da grande maioria dos brasileiros que não vão arredar o pé enquanto Dilma e o petismo não forem constitucionalmente apeados do poder. Seus sucessivos golpes nas esperanças, os estelionatos nas expectativas, associados à completa incompetência e generalizada corrupção, enojam a sociedade!

Pensar o dia de amanhã tem uma centralidade: a recuperação do emprego, da renda e da autoestima dos brasileiros. Desafios que não são pequenos diante da dramática herança de completo descalabro e descrédito da gestão e dos recursos públicos. A mobilização contínua da população ao longo de um ano e meio, em inéditas manifestaçães, deverá ser a principal base de apoio de um novo governo para recuperar a credibilidade, atrair investimentos, sair da recessão. Serão necessários fortes ajustes no gordo e corrupto setor público assaltado pelo lulopetismo. Os brasileiros mais pobres, duramente atingidos pela desorganização da economia, deverão ser poupados de qualquer sacrifício adicional. Ao contrário, a recuperação de políticas públicas das quais a população mais carente tanto depende, como saúde, educação e programas sociais, deverá ter prioridade.

Instituição principal da democracia, o Congresso Nacional, com suas mazelas, diversidade e pluralidade, com o espírito público dos seus membros aguçado pela incessante presença da sociedade nas ruas pressionando por mudanças, cumpriu seu papel, rigorosamente dentro do que faculta e determina a Constituição. Agora lhe incumbe a responsabilidade de debater e aprimorar as medidas necessárias a sustentar as políticas de reconstrução do País. Não é um desafio menor. Exigirá um ativismo de permanente sintonia com os anseios da sociedade e de hierarquização de prioridades. Uma enorme responsabilidade para cada um dos parlamentares, especialmente para suas lideranças políticas, partidárias. O Parlamento terá uma oportunidade única de resgatar sua imagem e sua centralidade para a vida democrática, inclusive quanto às mudanças políticas inadiáveis para recuperação da credibilidade e confiabilidade da representação. A chamada Reforma Politica é inadiável.

A crise também é uma oportunidade. A virtude é não desperdiçá-la. Não se pode recuar das apuraçães em curso sobre a corrupção e o desastre que nos faz retroceder tanto e que tanto custo imporá aos brasileiros para a recuperação do País. Virar a página não implica anistiar os malfeitos. Como disse o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em entrevista ao Portal do Instituto Teotônio Vilela: “O preço do acordo não pode ser acabar com a Lava Jato, que é parte do processo democrático brasileiro. Vai continuar, dentro da regra”. Entretanto, não vamos avançar agindo com olhos no retrovisor. O Brasil tem as instituiçães às quais incumbem as apuraçães. O que nos cabe é aglutinar todas as forças políticas e sociais com disposição para abrir novos caminhos e explorar as oportunidades para construirmos um País desenvolvido, soberano e justo.

José Aníbal é presidente nacional do Instituto Teotônio Vilela e senador suplente pelo PSDB-SP. Foi deputado federal e presidente nacional do PSDB.