Durante a apresentação de um pacote (velho com embrulho novo) para o setor elétrico, realizada ontem em Brasília, a presidente Dilma tentou explicar como a conta de luz, aparentemente, saiu dos trilhos sozinha.
Disse que seria ainda pior se não fosse sua ação perspicaz de baixar as tarifas por meio de uma Medida Provisória. O rombo de R$ 100 bilhães criado pela intervenção do governo, Dilma preferiu cortar do discurso.
A tontura dessa gestão tem deixado os brasileiros de estômago embrulhado. Dilma contribuiu como nunca para a reputação dos pessimistas. Sobre ela, acertaram sempre. Mesmo com os problemas surgindo do nada. Mesmo com a perspicácia de sempre do governo.
Do jeito que a coisa vai, as mandiocas têm motivo para estar acabrunhadas. Se Dilma falou, lá vem o contrário. Por isso, ela corre o risco de ficar marcada por ter desorganizado a economia brasileira. Justo quando o brasileiro se habituou com a segurança e as perspectivas abertas pela estabilidade.
Governos erram. Governos que falsificam seus erros são intoleráveis. Principalmente quando passam a nomear na propaganda política os supostos responsáveis pelo sofrimento do país. O PT precisa reencontrar certos limites.
Mas ao invés de lançar bases para uma reconciliação, Dilma se diz vítima do “quanto pior, melhor” de “alguns setores” — como se os 71% que a reprovam fossem “alguns setores” e deliberadamente jogassem contra seus próprios esforços e conquistas.
Obviamente não se espera que ela admita que foi incompetente. Mesmo assim, apesar da decepção coletiva, Dilma se nega a elevar o patamar dos diálogos republicanos. Insiste na política do confronto, da propaganda dolosa e da palavra não cumprida.
Ninguém aguenta mais essa modalidade de “Pátria Educadora” que amputa o orçamento da Educação mas não demite um só de seus 22 mil cargos comissionados. Ninguém leva a sério essa “travessia” no vazio das alucinaçães.
Se Dilma acha que vai reequilibrar o país assim, esquece. Com ou sem 16 de agosto, isso vai dar em desastre.
José Aníbal é presidente nacional do Instituto Teotônio Vilela e senador suplente pelo PSDB-SP. Foi deputado federal e presidente nacional do PSDB.