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Sobre golpe, marketing do desespero e reconstrução

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Milhares de fábricas fecham a porta. Milhães de trabalhadores perdem o emprego. Pobreza crescente e regressão na renda dos brasileiros. Contas públicas devastadas. Um cotidiano de angústias e incertezas marca nosso País. Mas nada disso sensibiliza Dilma. Nenhuma palavra quanto ao desastre da economia e ao sofrimento dos brasileiros. Manter o vazio do seu poder é sua fixação. Para quê? Difícil imaginar outro presidente do Brasil que tenha acentuado a cada dia a irrelevância e desatino de suas falas, tal como Dilma.

Agora, transtornada com a ideia de golpe pela qual ela caracteriza o procedimento constitucional do impeachment ao qual é submetida, Dilma perdeu de vez o fio da meada e a compostura que deveria ser própria do cargo que ocupa. Transformou seu governo em um balcão de negócios, um fim de feira humilhante – desmoralizante para o Brasil -, e, apesar de secundada pela jararaca, sem os resultados almejados. Blasfema, faz ameaças, mente, provoca. Em vão, pois o que lhe restava de base de apoio esfarelou de vez, com o anúncio oficial: o PMDB rompeu por unanimidade! Outros partidos já se afastaram, outros virão. O impeachment está próximo. O golpe contra tudo e todos é o desejo lulopetista que não vai se realizar. Como disse o senador Aécio Neves, não terão salvo-conduto para continuar a cometer crimes. Terão a democracia e a constitucionalidade, reafirmada por vários Ministros do Supremo, do impeachment.

O desafio pós-impeachment não será pequeno. O populismo e o conservadorismo do governo lulopetista relegaram não só as mudanças urgentes – como a reforma política – como desorganizaram a condição do Estado brasileiro para assegurar políticas duradouras e eficientes de combate à pobreza e às desigualdades. O retrocesso na distribuição de renda, na regressão imposta aos pobres, é a parte mais cruel da herança petista. Voltar a crescer, criar credibilidade e atrair investimentos é condição para compartilhar a agenda de um novo governo com os anseios cotidianos dos cidadãos, especialmente quanto aos serviços públicos e às açães para garantir a recuperação dos programas sociais.

Nas manifestaçães de 2013, já estava presente o desejo de refazer a moldura na qual se desenvolvia a vida pública no Brasil e as prioridades dos governos. Os manifestantes deixaram claras suas insatisfaçães. O que estava sendo feito não respondia às suas expectativas. Queriam novas agendas, novas prioridades. De lá para cá, o País foi soterrado pela incompetência e a pilhagem da corrupção. Escutar e aprender com a sociedade, crescentemente informada, ativa, querendo oportunidades para exercer a cidadania, não foi uma característica dos políticos de um modo geral. Especialmente do petismo, criminalizador dos debates, como biombo para seus malfeitos.

Agora, em meio a dificuldades extremas, vivemos uma nova oportunidade para realizar um arranjo político de convergência, capaz de propiciar mudanças que não podem ser adiadas. Os brasileiros têm reiterado, em sucessivas manifestaçães nas ruas e redes sociais, suas expectativas nas mudanças, sobretudo se os políticos reunirem a energia, o compromisso e a urgência que o momento lhes exige.

José Aníbal é presidente nacional do Instituto Teotônio Vilela e senador suplente pelo PSDB-SP. Foi deputado federal e presidente nacional do PSDB.