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‘País precisa estar unido’, diz José Aníbal

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Por Thiago Navarro

O senador José Aníbal (PSDB-SP) assumiu o mandato em maio deste ano, após o então titular da vaga, o também tucano José Serra, ser convidado para comandar o Ministério das Relações Exteriores pelo presidente Michel Temer (PMDB). Neste sábado (10), Aníbal esteve em Bauru, no final da manhã, participando da campanha do candidato a prefeito Raul Gonçalves Paula (PV).

Aníbal é um dos três senadores paulistas, ao lado do colega de partido Aloysio Nunes, e de Marta Suplicy (PMDB). Os três votaram favoravelmente ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), no último dia 31 de agosto. Agora, Aníbal acredita que o Brasil precisa estar unido para superar a crise. Ao JC, o senador falou sobre o cenário nacional e a perspectiva para o futuro do País. Confira os principais pontos da entrevista:

JC – Como o senhor analisa o momento atual do País?
Aníbal – “O que marca o cenário nacional é a devastação feita pelo PT e pelo lulopetismo, a começar pelas estatais, como a Petrobras e Eletrobrás, e os fundos de pensão, além das contas públicas devastadas. Diante deste cenário, precisamos construir políticas públicas que ataquem a maior necessidade do País, que é o emprego. Temos mais de 12 milhões de desempregados no Brasil, e para retomar a geração de empregos, é preciso retomar o crescimento. O setor público tem uma capacidade muito limitada para investir neste momento, então isso precisará ser feito pela iniciativa privada. Mas isso depende da credibilidade das políticas de governo, passando pela votação de temas importantes no Congresso, como o novo teto do Orçamento, e mudanças no sistema previdenciário, para dar sustentabilidade ao sistema, que pode ir à insolvência, garantindo os direitos de quem já está usufruindo a aposentadoria, e também a reforma trabalhista, mas sem tirar direitos”.

JC – Mas como fazer as mudanças na legislação trabalhista sem prejudicar o trabalhador?
Aníbal – “Você tem 12 milhões de pessoas que querem trabalhar, e se a flexibilização favorece o emprego, vamos fazer isso. A França fez isso, houve manifestações, debates, mas o Congresso deu aval. Vivemos em um mundo da tecnologia, e a legislação precisa ter essa flexibilidade para organizar as relações de trabalho. Ninguém quer tirar direitos como férias e 13º salário, mas sim ajustar a legislação para a realidade atual”.

JC – Há muita resistência ao presidente Michel Temer e sua legitimidade no poder, com o País vivendo uma polarização, como o governo vai administrar isso?

Aníbal – “De fato o presidente Temer não foi eleito, mas ele tem agido de forma muito firme na direção de fazer o País voltar a crescer e de romper esse ambiente de polarização. Até a Dilma, em seu discurso final, falou que o Brasil precisa estar unido. é hora de todos estarmos unidos, e as diferenças políticas ficarem para depois. Se não fizer as mudanças, trocamos seis por meia dúzia. Agora, se houver mudanças, a credibilidade vai voltar. E a discussão não é apenas a legislação trabalhista, mas também do Orçamento. O valor do Orçamento do ano anterior mais a inflação já compromete, a nossa dívida era de 40% do PIB (Produto Interno Bruto), já está em 70%, começa a se tornar algo inviável”.

JC – Em paralelo a este cenário nacional, temos as eleições municipais, e com os prefeitos eleitos sabendo que terão caixa apertado em 2017.

Aníbal – “Uma questão inevitável e que terá de ser tratada é o Sistema único de Saúde (SUS). O governo federal defasou demais os valores, e jogou para os Estados, que por sua vez empurra para os municípios, e estes não tem mais para quem recorrer, são a última instância. As pessoas vivem nos municípios, então elas querem os serviços ali. Uma cidade como Bauru parece ter uma condição favorável e privilegiada, pois está em um entroncamento ferroviário, que pode ser reativado, rodovias duplicadas, e um aeroporto com potencial internacional que pode receber no entorno um parque tecnológico. Além disso, Bauru tem escolas técnicas, faculdades e universidades, então há uma boa formação profissional na cidade, com serviços qualificados. é uma cidade que tem tudo para se desenvolver muito. Todos podem fazer mais, não só o prefeito, mas ele é o responsável por conduzir tudo e ser, acima de tudo, um empreendedor e realizador”.