“O Parlamento tem que trabalhar duro e em sintonia com a sociedade para sairmos desta grave crise”, avalia o senador José Aníbal
Em entrevista ao Jornal da CBN na manhã desta quarta-feira (08), o presidente do Instituto Teotônio Vilela, senador José Aníbal, falou do momento vivido pelo País e, mais uma vez, fez um alerta: “O Parlamento tem que trabalhar duro e em sintonia com a sociedade para sairmos desta grave crise”.
José Aníbal ainda afirmou que o Senado se prepara para rever a decisão da Câmara que concedeu reajuste salarial ao funcionalismo público e também criou 14 mil novos cargos na administração federal. “Vamos rever essa situação e fazer o que for possível, considerando a situação de crise no país. Acabamos de votar o limite da dívida pública, que chegou a R$ 170 bilhões. Isso vai para a conta dos brasileiros. Conceder ajustes além do absolutamente essencial não faz sentido. Os brasileiros estão perdendo emprego e renda, e esperam bons sinais do Parlamento”, disse.
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Confira abaixo a transcrição da entrevista:
Milton Jung: Para conversar sobre esse assunto, nós convidamos aqui no Jornal da CBN o senador do PSDB-SP, José Aníbal. Bom dia pro senhor.
José Aníbal: Bom dia, Milton. Bom dia aos seus ouvintes da CBN.
Milton: Senador, como é que o senhor define esse momento que passa o País, que passa a política brasileira?
JA: Olha, é um momento dramático. O nosso povo está sofrendo, o desemprego é altíssimo, a crise econômica dá sinais aqui e acolá de uma melhora, mas de fundamental continua o desemprego, é preciso um tempo maior ainda para começar a mudar, e nós vivemos um procedimento de apuração de situações que foram detectadas pela Operação Lava-jato que é fundamental que continue a ser feito, agora, com mais transparência, não é? Eu vi agora mesmo uma observação de vocês que da última vez que o Supremo autorizou uma prisão, no mesmo dia o Senado concordou. Mas é preciso que se conheça todo o teor dessas delações, para que realmente possa haver um juízo de valor que seja mais objetivo. Senão você fica criando uma situação de instabilidade que até agrava a crise. Isso não significa interromper qualquer procedimento de apuração. Eu disse outro dia, Milton, que a Lava-jato hoje é uma instituição. Se fizer uma pesquisa, como vocês fazem às vezes, que aparece o Corpo de Bombeiros em primeiro lugar, em geral, na apreciação da população, provavelmente a Lava-jato apareça em primeiro. Isso não se discute mais. A questão é o procedimento, fazê-lo de forma que o resultado seja justo, promova a justiça.
Milton: E aí, diante disso, o que deve se esperar agora é uma decisão rápida do STF em relação a esses pedidos feitos pela Procuradoria?
JA: Olha, isso é uma decisão do STF. Inclusive a decisão de dar a conhecer as delações na sua integralidade, isso é uma decisão do STF. Eu imagino que o STF tem o sentido de urgência que a sociedade espera do STF. Tem, e tem agido desse modo, não é? Agora sem atropelos e sem privar quem quer que seja do direito de se defender e de, eventualmente, mostrar a sua isenção, ou a sua não vinculação a procedimentos irregulares e criminosos.
Milton: Haverá clima pra votação no Senado de temas aí que são considerados tão importantes nesse momento? Até pra se tentar essa recuperação do país que o senhor se referiu, um país que vem sofrendo uma série de problemas.
JA: Olha, essa é a força da nossa democracia. é isso que, de certo modo, até me emociona. Me dá muita satisfação. O Parlamento está funcionando. Com todas as suas mazelas, as suas dificuldades, as votações estão acontecendo. Ontem mesmo nós votamos matérias importantes no Senado. Nós votamos precatórios, nós votamos o novo presidente do Banco Central. Enfim, o País está funcionando. E vai continuar a funcionar. O Parlamento sabe que este é o desejo da sociedade, e isso fortalece a nossa centralidade como instituição da democracia. Tem que trabalhar e trabalhar duro em sintonia com o que deseja a sociedade. Aquela votação na semana passada na Câmara com relação a reajuste, ela foi muito questionada. E o Senado já está se preparando para rever aquela posição. Rever onde é possível rever, fazer o que for possível fazer, considerando a situação de crise que o País está vivendo. é muito grave a crise. Nós acabamos de votar o limite da dívida pública para este ano. Chegamos a R$ 170 bilhões, fora os R$ 400 bilhões de juros. Serão mais de meio trilhão de reais que irão pra conta de todos os brasileiros. Pois bem, em um momento como esse, conceder ajustes além daquilo que for absolutamente essencial não faz sentido. Os brasileiros estão perdendo emprego, perdendo renda. O Brasil, não digo que está à deriva, mas está na expectativa de bons sinais do Parlamento para que a credibilidade necessária ao investimento possa acontecer.
Milton: Senador José Aníbal, alguns colegas seus chegaram até falar sobre isso, e nesse tom lá dentro do Senado. Eu pergunto ao senhor qual é a sua posição e até a do seu próprio partido em relação a Renan Calheiros. O senhor entende que, independentemente do resultado, do que o STF decida, o fato de haver um pedido contra ele, um pedido de prisão, isso não o enfraquece no comando da Casa?
JA: Pelo que eu vi ontem, não. O senador tem conduzido os trabalhos da Casa de uma forma muito objetiva e, enfim, com muita autoridade, que é própria do presidente do Senado. Nesses últimos 30 dias, o Senado votou inclusive o afastamento da presidente. E o fez de forma a garantir o amplo direito de manifestação de todas as correntes políticas do Parlamento. Então, do ponto de vista muito objetivo, não ocorreu nenhuma fragilização. Porque nós temos o conhecimento, a convicção de que haverá as condições para que o senador Renan Calheiros possa se manifestar em torno dessa investigação, serão plenas. Ele poderá se manifestar, se defender, eventualmente, se isentar dessas acusações, não é? E, portanto, isso não tem incidido sobre a autoridade dele como presidente da instituição.
Milton: Senador José Aníbal, muito obrigado pela sua análise e sua gentileza de conversar conosco no Jornal da CBN. Um bom dia pro senhor.
JA: Muito obrigado! Um bom dia a você e seus ouvintes.