O senador José Aníbal, presidente nacional do Instituto Teotônio Vilela, questionou nesta segunda-feira (29) a presidente afastada Dilma Rousseff durante o julgamento final de seu impeachment no Senado Federal.
O tucano fez um retrato do governo Dilma. Começou sua fala lembrando que conhece a presidente afastada há 50 anos e até torceu por ela no início de seu primeiro mandato, mas que após a publicação da “famigerada Medida Provisória 579” de 2012 – que desorganizou o setor elétrico e o fez mergulhar em uma crise que perdura até hoje – mudou de postura. “Constatei que sua motivação impulsiva em reduzir a conta de luz na marra resultaria em dar com mão pequena o que, logo a seguir, seria retirado com mão grande”, afirmou.
Aníbal reiterou a legalidade do impeachment ao lembrar que o processo segue o que determina a Constituição. “Não estou aqui para julgar a senhora – seria penoso para mim –, mas vou julgar suas pedaladas, seus decretos, seus crimes de responsabilidade e o conjunto de sua obra que tanto sofrimento impõe ao povo do Brasil. Nós não faremos aqui mais do que determina a Constituição e o que é o anseio da imensa maioria dos brasileiros, mobilizados aos milhões pelo desejo intenso de mudanças”.
Já no encerramento de sua fala, o senador criticou Dilma por ter se tornado uma especialista em terceirizar suas responsabilidades e não ter tido a “humildade” de reconhecer seus erros. “O BC americano é o culpado pela desvalorização do Real; a crise internacional é culpada pela queda do PIB – no entanto, a economia brasileira, nos últimos três anos, cresceu 2,72% menos do que as demais economias, em média, da América Latina –; os técnicos do Planejamento são os culpados pelos decretos; o Banco Central é o culpado pelo não reconhecimento das pedaladas; Eduardo Cunha é o culpado pelo desastre fiscal. A senhora sabe que não tem a mais mínima condição de continuar a governar. Durante essas longas horas aqui, não teve a humildade de reconhecer qualquer um dos seus graves erros”.
Foto: Gerdan Wesley