Em entrevista ao programa “Senado em Revista” da Rádio Senado, na última segunda-feira (18), o senador José Aníbal (PSDB-SP) defendeu que o Congresso Nacional priorize os projetos que reduzam os gastos públicos. O tucano demonstrou preocupação com a falta de investimentos em áreas essenciais devido ao alto custo dos poderes Legislativo e Judiciário.
Aníbal disse que, apesar do descaso com as contas públicas deixado pelo governo da presidente afastada, Dilma Rousseff, já é possível perceber uma melhora dos indicadores econômicos, na credibilidade e no otimismo dos brasileiros com a gestão de Michel Temer. O senador ressaltou, também, a urgência no controle das dívidas do País.
“Há um desejo intenso dos brasileiros em recuperar a esperança. A inflação já está um pouco menor, mas ainda não chegamos na questão central que é o emprego. Isso deve ser o mote, a razão de uma ação mais produtiva no Parlamento a partir do afastamento definitivo da presidente. Eu espero que se recupere a ideia de que as contas públicas têm que estar dentro daquilo que se arrecada”, disse.
Ainda sobre os gastos do governo, o senador defende a ideia de que o limite no crescimento dos gastos públicos seja equivalente à inflação do ano anterior. Aníbal afirmou que os gastos com o Legislativo e com o Judiciário são “muito caros” e acredita ser possível diminuir as despesas sem prejudicar a qualidade dos serviços prestados.
“O Judiciário consome quase 2% de toda a riqueza produzida no Brasil. Deve dar mais de R$ 100 bilhões por ano. é muito dinheiro. (…) O Parlamento não pode ser uma casa de gestão dos interesses dos que são proprietários dos meios de produção ou daqueles que fazem parte de corporações poderosas”, afirmou.
Endividamento
Segundo o senador, a dívida do Brasil girava em torno de 42% do PIB (Produto Interno Bruto), mas o valor “explodiu” de 2014 para cá. Hoje, os débitos equivalem a quase 70% do que é produzido no país, e podem chegar a 90% em 2018. “Isso não é bom. O Brasil precisa produzir mais, gerar mais riquezas, combater as desigualdades. O parlamento precisa ter mais compromisso em resistir às corporações. Nosso país tem muita condição de recepcionar novos investimentos”, explicou.
Ao fazer uma avaliação do período que está substituindo José Serra (PSDB-SP) no Senado, o tucano classificou de “intensos” seus dois primeiros meses de atuação no Congresso.
José Aníbal afirmou que, independentemente do resultado do processo de impeachment de Dilma Rousseff em curso no Senado, a reforma da Previdência, o teto no crescimento das despesas, os regramentos políticos, sobretudo no que se refere à cláusula de barreira, fim das coligações proporcionais e o voto distrital são compromissos do Congresso Nacional ainda para este ano.
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Foto: Gerdan Wesley