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iFHC discute energia nuclear no Brasil

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iFHC discute energia nuclear no Brasil

Representando o governador Alckmin, José Aníbal participou dos debates sobre novas usinas

O Instituto Fernando Henrique Cardoso promoveu nesta terça um debate sobre o futuro da energia nuclear no Brasil. Além do ex-presidente Fernando Henrique e de outras autoridades, o secretário de Energia de São Paulo, José Aníbal, representou o governador Geraldo Alckmin no evento. O debate teve como palestrantes o professor da USP, José Goldemberg, e o assessor da presidência da Eletronuclear, Leonam dos Santos Guimarães.

As exposições começaram com a palestra do professor José Goldemberg, que traçou um panorama histórico da energia nuclear no mundo. Segundo o professor, nas décadas de 1970 e 1980, período áureo da expansão da energia atômica, cerca de 30 novos reatores eram construídos anualmente. A partir de 1979, com o acidente de Three Mile Island, na Pensilvânia (EUA), e, mais tarde, o acidente de Chernobyl (1986), na Ucrânia, houve uma estagnação no ritmo de instalação de novos reatores devido a um aumento nos custos, sobretudo por causa da segurança. De trinta, a média de novos reatores caiu para três por ano.

Para Goldemberg, o acidente de Fukushima deverá aumentar ainda mais os custos. Embora haja 64 novos reatores em construção no mundo, as usinas atômicas ficarão mais caras devido aos novos padrões de segurança, aos novos contratos de seguro, à limitação da vida útil dos reatores e à indisponibilidade de novas tecnologias no curto prazo. Tendo em vista o enorme potencial brasileiro em energias renováveis, José Goldemberg encerrou sua apresentação concluindo pela inviabilidade da energia atômica como fonte complementar para o Brasil.

Leonam dos Santos Guimarães, assessor da presidência da Eletronuclear, expôs a importância da energia nuclear no longo prazo. Para ele, mesmo gerando 85% de sua energia a partir de recursos hídricos, o Brasil tem um problema histórico – desde as grandes usinas construídas por JK a partir dos anos de 1950 – de desnível entre potência hídrica e capacidade de armazenamento nas represas das hidrelétricas. Como ocorreu na crise de 2001, a imprevisibilidade da baixa nos reservatórios das usinas impõe a necessidade de uma complementação da oferta de energia a partir de termelétricas, sejam a gás, óleo ou nuclear.

Segundo Leonam, 90% do potencial hídrico restante no Brasil estão na Amazônia. Além de entraves como a distância e a topografia, restam dilemas quanto ao uso do solo, que conflitam com a necessidade de preservação ambiental. Por isso, num futuro próximo, diante de um cenário de aumento de consumo, de virtual esgotamento do potencial hídrico e da inviabilidade de se aumentar a emissão de gases de efeito estufa, a energia nuclear deve ser vista como uma alternativa de complementação às fontes majoritárias no Brasil.

O debate foi encerrado com uma rodada de perguntas, e coube ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso agradecer aos palestrantes e aos convidados pela cordialidade e pela profundidade crítica do debate. O evento terminou com um coquetel de confraternização.