Dizem que é uma expressão portuguesa: “Está como cortiça n’água”. é a situação de Dilma. Vai para lá e para cá, completamente alheia ao mundo real que já não lhe concede crédito algum. Age por impulsos sucessivos, o que é o pior dos procedimentos para quem está na Presidência na República. Agora o “Planalto cobra de Levy plano para reerguer economia”, segundo manchete da Folha de ontem. “Assessores de Dilma temem desgaste na campanha eleitoral de 2016 se não houver sinais de recuperação”. Faz lembrar os franceses, com uma frase muito apropriada para Dilma e seus assessores palacianos: “Estão procurando meio-dia às duas da tarde.” O tempo deles já passou, “legando” uma trágica e devastadora história.
No país real, duas notícias assustadoras. A produção industrial em São Paulo caiu 12,8% em setembro de 2015 comparada ao mesmo mês de 2014. Milhares de desempregados, desorganização das cadeias produtivas, agravamento contínuo do desastre. Ao mesmo tempo, o valor de mercado da Petrobras caiu 65% em um ano. E o corporativismo petista na Petrobras promovendo greve, agressiva e despropositada, como resposta ao afundamento da empresa, provocado por eles.
Alguma chance do país real se reencontrar com o governo Dilma? Nenhuma. Vivemos uma paralisia e alheamento inquietantes no governo. O pouco que lhe resta de energia e recursos é gasto vergonhosamente para impedir seu impedimento. Na sociedade e entre os agentes econômicos, aturdimento e revolta à espera de que algo diferente aconteça. Já escrevi aqui que nessa altura a expectativa de desatar os nós vai ficando por conta das ruas, que devem contar com o ativismo e o compromisso que se espera da oposição, dentro e fora do Parlamento.
Já é evidente que a Câmara dos Deputados está imobilizada pelos mal feitos atribuídos a seu presidente. Não há condiçães para recuperação do protagonismo da instituição, na grave crise que vivemos, com Eduardo Cunha presidente. Que tenha todo direito de defesa, como deputado, mas não paralisando a urgente ação do Parlamento. Na toada em que estamos, a impressão que fica é a de que ele e Dilma são o roto e o esfarrapado, associados, em busca de uma sobrevivência que faz o país regredir e a população ter um dia a dia cada vez mais incerto, sofrido, difícil.
Pensar nas eleiçães de 2016 e 2018 é um legítimo exercício de futurologia. Mas, agir em função das próximas eleiçães, promove um nivelamento por baixo do universo político e pode condená-lo a uma crescente desqualificação aos olhos e à percepção dos brasileiros.
#AgoraéQueSãoElas. Uma palavra sobre Ruth Cardoso. Em maio de 2003, o PSDB, presidido por mim, realizou o seminário “Desenvolvimento e Inclusão Social – O Brasil no Rumo Certo.” A professora Ruth Cardoso fez a palestra principal sobre a Comunidade Solidária e a Rede de Proteção Social criadas pelo governo FHC. Entre as diretrizes básicas mencionadas por ela, destaco a relativa à AUTONOMIA: “Os beneficiários dos programas deveriam se sentir autônomos, independentes de lideranças políticas que fossem os “patronos” dos programas sociais”. Viva dona Ruth.
José Aníbal é presidente nacional do Instituto Teotônio Vilela e senador suplente pelo PSDB-SP. Foi deputado federal e presidente nacional do PSDB.