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Às ruas, para desatar os nós

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Em meados de outubro escrevi neste blog que “Dilma não tem mais condiçães de se dirigir à Nação como líder dos destinos do país. O melhor que ela poderia fazer é renunciar para abrir espaço a um pacto nacional capaz de viabilizar as reformas estruturais – econômica, política e administrativa. Sem isso não haverá reforma alguma. E o país seguirá no impasse.” Infelizmente, o impasse se agrava a cada dia e Dilma, como alma penada, é incapaz de um gesto de grandeza.

Nós, os brasileiros na planície, estamos inquietos e desejosos em desatar o nó do lulopetismo. A presidente, no Planalto, não faz outra coisa do que agir para manter o nó, agravando os mais condenáveis procedimentos de dilapidação do dinheiro público. Seu ministro-chefe da Secretaria de Governo, em entrevista para o Estadão no último domingo, diz que “estamos construindo um caminho para consolidar a base. Tem dia que eu recebo 70, 80 parlamentares. Eu brinco que aqui não é nem consultório, que só atende com hora marcada. é um pronto-socorro mesmo”.

Pronto-socorro do que? Do diálogo republicano para consolidar uma base mobilizada a votar o que é necessário para sair da crise? Isto já vimos que não. O Governo não consegue votar nada de relevante. Trata-se então do atendimento vapt vupt, quase sempre impublicável, para segurar Dilma um pouco mais? Pelas contas do ministro, ele atende 300 ou mais parlamentares por semana, mais da metade da Câmara (513 deputados). Rotatividade que devia envergonhar qualquer governo, muito mais a Presidência da República.

No mesmo Estadão de domingo, FHC escreve que “a saída da crise requer a formação de uma nova conjuntura na qual seja possível pôr na ordem do dia os cinco ou seis pontos fundamentais ao redor dos quais se forme um novo consenso nacional.” Para conduzir tal agenda, diz que “precisamos de lideranças e do apoio da sociedade e de alguns partidos”. E finaliza: “Como quem tem a responsabilidade de unir porque foi eleita para conduzir o País (e não uma facção) está com poucas condiçães para tal, é que se dá a discussão, infausta, mas necessária, dos caminhos constitucionais para sairmos da crise”.

Ao lado do texto de FHC no Estadão, o sociólogo Luiz Werneck Vianna escreve que o PT, antes antagonista da tradição republicana brasileira como força do atraso, “se alia acriticamente a ela e se deixa contaminar por suas tradiçães patrimonialistas. Pior, adere às suas práticas decisionistas dos tempos áureos da modernização – a mudança social seria obra do Estado sob sua hegemonia a exigir um tempo de longa duração e a sua permanência no poder. Daí para o mensalão e o petrolão bastou um pulo”.

Sair da crise, pactuar uma agenda, juntar forças na sociedade, têm que prevalecer sobre o sangramento sem fim que nos oferece Dilma. Não é o Planalto que sangra. Ali não se faz outra coisa que administrar a sangria dos brasileiros na planície, como vimos no encontro/jantar de Dilma com seu tutor, testemunhado por seus operadores, semana passada.

No momento, não vejo outro caminho para sairmos da crise que não seja a mobilização que nos leve às ruas. Pacificamente. Determinados. Agindo em sintonia com a grande maioria dos brasileiros. Manifestar nossa indignação e insatisfação. Definitivamente, sensibilizar o Congresso Nacional e, pelos caminhos democráticos, institucionais, desatarmos os nós que estão nos levando ao pior retrocesso de nossa história contemporânea.

José Aníbal é presidente nacional do Instituto Teotônio Vilela e senador suplente pelo PSDB-SP. Foi deputado federal e presidente nacional do PSDB.